quarta-feira, 3 de junho de 2015

EXCENTRICIDADES SEXUAIS (O Ensaio de Tatiane Cravinho para a Playboy)

            “Seu rosto estava radiante” é a frase que Jake Scully – sob a interpretação de Craig Wasson – usa para descrever o instante em que flagrou sua mulher e um terceiro, no pleno exercício do coito – em uma cena da película “Dublê de Corpo”, que foi dirigida por Brian De Palma, em 1984.
            Mas por que é que tem homem que sente tesão ao ver sua posteridade ser extirpada pelos espermas de outro marmanjo?
            Porque foi o modo que a natureza, ao longo do tempo, encontrou para incentivá-lo fisiologicamente a se conformar com as suas poucas chances de sobrevivência e deixar que a sua fêmea seja inseminada por um macho mais gabaritado.
            Todavia, no artigo “À Brasileirinha” foi aventada a hipótese de um projeto televisivo chamado “Você Quer Trepar Comigo?”. Uma atração que, embora calcada seja nos desejos que fazem qualquer mulher transpirar, não se restringe a desvendar os dilemas da alma feminina. Mas, também, a destrinchar os anseios masculinos.
            Sempre se norteando, é claro, pela máxima que Gracián escreveu em “A Arte da Prudência”; de que: “Os espectadores sempre veem mais do que aqueles que jogam, pois não se apaixonam”.
            Logo, o ele deve se antecipar ao seu início e se estender “pr’acolá” do seu encerramento.
            Para tal, baseando-se, inicialmente, no artigo “A Mulher do Próximo”, para estabelecer um cisma entre o macho alfa e o furtivo.
            Valendo-se, com esse intuito, das redes sociais dedicadas a pessoas que curtem excentricidades sexuais, para garimpar o legítimo casal suingueiro e encontrar o homem solteiro certo – do tipo que, para cada mulher que “come”, gruda um adesivo em forma de crânio sobre o painel do carro.
            Consequentemente, podendo ter como anunciante um sex shop, uma marca de energético ou uma fábrica de colchões. E, como locação, um hotel do naipe de um Bahamas.
            Onde, dos participantes, os solteiros – individual ou coletivamente, se preferirem – selecionarão as mulheres de seu interesse e as levarão aos quartos, com o fim de testá-las.
            Sendo que as aprovadas, com seus respectivos cônjuges, estarão automaticamente qualificadas para o espetáculo. Enquanto que as reprovadas abrirão outra brecha para aquelas que, no primeiro momento, foram esnobadas.
            Ademais, quanto ao “além-término”: com uma anuência contratual, a resposta à pergunta que intitula a atração só será revelada em um site exclusivo. Onde, caso afirmativa a afirmação seja, a sua consumação poderá ser testemunhada em tempo real, mediante o desembolso de uma considerável bagatela.
            Doravante, essas e outras imagens serão realçadas pelos depoimentos do marido e de outros envolvidos e organizadas com a configuração de um documentário. Que será, posteriormente, comercializado com a alcunha de “O Dia Em Que A Minha Vagina Disse ‘Sim’”.
            Assim, viabilizando a simbiose entre oferta e demanda.
            Ao contrário daquilo que para a edição de Nº 478 da Playboy de março de 2015 se vislumbrou e não vingou. Dado que o fotógrafo Gerard Giaume tentou explorar a submissão de uma serva ao seu senhor, ao reeditar a fórmula que empregou no estudo fotográfico de Lola Melnick, em dezembro de 2014. Fazendo com que Tatiane Cravinho, a estrela do mês, encarne a mulher que se equipara a um bichinho de estimação. Um animalzinho que é alimentado por meio de uma dieta rica em caviar Almas e champanhe Krug Private Cuvée. E, em troca de um Porsche 918 Spyder, um colar com pingente de diamante vermelho ou um acessório da Louis Vuitton, fica de quatro, balança o rabo e finge de morto.
            Porém, essa prova se faz um fiasco devido à falta de convicção da cuja. Que, sempre que pode, oferta o perfil. E, quando não, veda a vergonha, nas horas mais impróprias.
            Além do que, tem-se a impressão de, ao folhear a publicação, se estar apreciando um catálogo de tetas de silicones.
            Com isso, perdendo os melhores ângulos de uma intrigante vagina. Que, por estar na base de uma cintura fina, parece ser miúda. Do tipo que, na hora da foda, quase fode com a mulher. Já que, no seu recanto, qualquer pau se agiganta.
            E, por fim, o leitor é privado de uma exposição mais explicita da mais nobre parte do corpo dela: a bunda. Que só aparece acidentalmente; preservando os seus mais escusos mistérios.



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